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Centenas de pessoas realizaram nesta quarta-feira (11) um protesto, no centro da capital paulista, em defesa do direito à moradia e contra despejos. O ato teve participação de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), do Movimento pelo Direito à Moradia (MDM), da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam) e da campanha Despejo Zero.
Com bandeiras, camisetas e adesivos, o grupo caminhou até a sede da prefeitura, acompanhado de um carro de som. Lideranças dos movimentos cobraram que gestões municipal e estadual abram mesas de negociação, criticaram ações policiais truculentas na remoção das famílias da ocupações e que as comunidades irão às ruas pelo direito de ter moradia digna.
O tema de habitação ganhou proeminência na capital paulista após o desmanche da Favela do Moinho. O governo paulista pretende transformar o local em um parque e em uma estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (TM). As alternativas de moradia ofertadas, pela gestão estadual, às famílias que viviam no local foram alvos de críticas e protestos dos moradores. Após pressão da comunidade, o governo federal e a gestão de São Paulo firmaram acordo para garantir que os habitantes da Favela do Moinho possam comprar imóveis de até R$ 250 mil. O governo federal condicionou que não pode haver violações dos direitos dos moradores nas remoções.
Outro caso é o da comunidade do Jardim Pantanal, que perdeu parcial ou totalmente as casas por causa de enchentes, além de ter enfrentado episódios de violência quando os moradores tentavam efetuar cadastro para receber benefícios.
Em entrevista à Agência Brasil, a doméstica Maria dos Remédios Gomes que mora, atualmente, na Ocupação Jorge Hereda, que foi formada durante a pandemia de Covid-19 e está localizada perto do Parque do Carmo, zona leste da capital, conta que antes morava em imóvel alugado, mas não conseguiu mais pagar o valor. Seu último endereço era próximo ao local onde vive agora, em Itaquera.
"Tem uns vizinhos meus que já moraram muito em ocupação. Aí, eu só acompanhei, cheguei através deles", relata ela, que mora com a filha de 35 anos.
Maria Gomes, que é maranhense e completou quatro décadas morando em São Paulo, diz que, embora considere legítima a luta por manter a ocupação, gosta de pensar que a situação em que se encontra é apenas provisória.
"Quero ter minha casa própria, porque viver em ocupação não é bom para ninguém. Tenho medo de tudo, porque hoje a gente tem onde ficar e no dia seguinte não se sabe o que vai acontecer", afirma, destacando o receio de operações policiais que possam remover as famílias.